segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Temporal



Sabe aquele momento de descontrole, de fúria? Tive um desses ontem.
Meu final de semana foi perfeito. Não tiraria, nem colocaria mais nenhum acontecimento. Foi um dos finais de semana mais lindos que tive nesse ano.
Era de se esperar, afinal esse foi o fechamento de um ano todo. E para mim, de forma especial, fechou com chave de ouro.
Foram muitos acontecimentos, muitas mudanças, decisões complicadas, momento que tive que colocar em prática muita coisa que estava apenas na teoria pra mim. Enfim, até o dia 31 de dezembro, falo um pouco mais sobre tudo isso.
Mas o que queria falar foi sobre como a gente consegue (eu?) estragar as coisas em um piscar de olhos.
Minha energia estava ótima ontem. Até que uma simples frase foi dita. Naquele momento, tudo virou de ponta cabeça. O sangue ferveu, subiu pra cabeça e desceu para o pé no mesmo instante.
E eu geminiana que sou, cheia de manias e vontades, ódio e amor, alegria e tristeza, tudo ao mesmo tempo, e na mesma intensidade de um vulcão prestes a entrar em erupção, reagi  da maneira mais esperada para uma típica pessoa que não tem noção de até onde aguenta, tanto o corpo, quanto a mente.
Pois então, depois da frase. Tudo arrumado. Sai, com rumo definido e “com a determinação de um trem, ou como um faminto em um prato de comida”, com minhas bolsas, sacolas, malas e mágoas. Andando como se no final, fosse ganhar uma recompensa. O caminho, parecia não acabar e a fúria, se metamorfoseou numa profunda tristeza.
Não só pelo que foi dito, e o que ficou subtendido, mas também pela reação de ambas as partes, a intolerância com o outro, e a revolta de se sentir tão extremista e tão cheia de defeitos e erros.
Me senti sem chão. Andando. Correndo. Chorando. Quase sem ar.
Pensando que naquele momento só estava comigo mesma, mais ninguém. O que me deixou ainda mais insegura, porque estar assim, sozinha, deixa uma sensação de estou com o pior de mim. O que remete a lembrança de ser duas ao mesmo tempo. Sem saber exatamente qual está no controle, e qual é a que fica adormecida, sem vez, nem voz. Quem atua o tempo inteiro, fingindo ser eu o tempo todo.
Nesses momentos de crise, o pior é o que fica externado. Nada parece ser real, apenas a angustia que se sente. Nada mais.
Depois de ter andado, corrido e chorado, consegui chegar em casa, e encontrar tudo no lugar, como se nada tivesse acontecido. Naquele momento, recebi minha recompensa. O amor incondicional. Aquele amor que não questiona, não critica, apenas ama, acalanta e consola. Com um abraço, um cafuné, e um “eu te amo”, minha crise pareceu acalmar por um instante. O que foi o bastante para conseguir acordar, com o coração mais tranquilo, mais sereno.
Ainda estou  com os resquícios de quem se alterou por algumas horas. Dores por todo o corpo, estomago, abdome, cabeça.
Tudo passa, tudo flui, acredito nisso.
Por enquanto, aquele aperto no peito ainda não passou.

O coração ainda precisa ficar mais limpo, para dar espaço ao perdão, este que cabe apenas a mim.